terça-feira, 10 de março de 2009

Que bom que seria... (por Eloysa Martinez)

QUE BOM QUE SERIA...

Que bom que seria,
Se as provas na escola
Não fossem prêmios nem punição
Prêmio para os bons
Castigo para os maus

Que bom que seria,
Se tivéssemos avaliações,
Que aos alunos dessem chance
De mostrar o que aprenderam,
De contar o que fizeram,
E o tanto que cresceram...

Que bom que seria,
Se estas provas indicassem
O caminho do saber...
Se nossos diletos alunos
Não sofressem interferências
Vindas do medo, da petulância,
Da fome e da miséria,
Do pobre professor estrela,
Que para se promover
Brilha no alto da mesa,
Grita ou silencia,
Mostrando com euforia
A vingança do poder...

Que bom que seria,
Se todos tivessem a chance
De crescer como pudessem
Rápida ou lentamente,
Sem o peso do descaso,
Sem o rótulo do fracasso,
Que só mostra uma saída:
A escola abandonar,
E ao trabalho se entregar,
Ganhando a vida aos bocados,
Isto se puder trabalhar...
Há ainda os que se entregam
Ao vício, ao crime e a prostituição
Restando-lhe apenas a rua,
Como escola da maldição.

Que bom que seria,
Se os mestres entendessem,
Que avaliar não é medir,
Que uma simples prova
Não preserva nem reproduz uma sociedade,
Que precisava de muito para ser...
Por que autoritarismos?
Está longe este tempo,
Em que a prova manipulava,
Transformando jovens
Questionadores e inteligentes
Em seres pobres de espírito, tristes dementes...

Que bom seria,
Se em vez de cruéis espadas,
Fossem as avaliações
Clarins libertadores
Que apontassem o horizonte,
Onde o saber , o evoluir e o crescer
Fossem vistos com esperança,
Por mestres, pais e crianças.

Não se mede um ser humano.
Nem menos, nem mais, nem nada...
Não se soma nem se divide seu conhecer,
Pois aquele que hoje é pequeno,
Amanhã poderá ser grande,
E mais tarde, quem sabe
Um gigante do saber.

Por que domesticar, alienar nosso aluno,
Que só pede liberdade,
Que nos mostra a cada dia
Que errando é que se aprende?

Será melhor e perfeita nossa escola,
Uma escola de verdade,
Se em seus registros ficar
Não nomes de fracassados,
Mas nomes de homens honrados,
Que aprenderam a pensar...

Eloysa Martinez é professora do Centro Federal de Educação Tecnológica de São Paulo/Cubatão (CFEI), formada em Letras pela Universidade Católica de Santos com pós-graduação em Teoria e Prática Pedagógica no Ensino Técnico. Atualmente ocupa a cadeira de Literatura Brasileira e Portuguesa, Língua e Redação.

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