"Os filhos são o sintoma dos pais" (Lacan)
"Os alunos são o sintoma dos seus professores" (Shiga)
domingo, 22 de março de 2009
A FALA DOS EDUCADORES BRASILEIROS
A FALA DOS EDUCADORES BRASILEIROS
A fala dos educadores brasileiros nunca esteve tão afiada. Conceitos importantes da Pedagogia e as práticas de sala de aula mais valorizadas hoje estão na ponta da língua e ajudam a definir o trabalho docente. Não é preciso estar entre grandes mestres para ouvir citações de Paulo Freire (1921-1997), como a importância de "focar a realidade do aluno" durante o planejamento, ou sobre o construtivismo - a necessidade de "levantar o conhecimento prévio" da turma. No entanto, conforme a conversa avança, percebe-se que, na média, ela está calcada num discurso vazio (tal qual as palavras nos balões que ilustram esta reportagem). O resultado é a transformação de idéias consagradas - como formar cidadãos - em jargões que perderam o significado original. Esse conceito, difundido com a redemocratização do país, relacionava-se à necessidade de as pessoas terem um preparo que lhes permitisse atuar na sociedade - incluído aí saber ler e escrever e os demais conteúdos do currículo. Hoje, o sentido de cidadania propagado em muitos projetos está relacionado apenas a ações de preservação ambiental ou de cunho social - como se socializar o conhecimento construído pela humanidade, ou seja, ensinar, já não fosse tarefa suficiente para a escola. "Os professores usam essas expressões sem ref letir sobre elas e sem compreender em que se baseiam", ressalta Raymundo de Lima, professor do Departamento de Fundamentos da Educação da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e estudioso do discurso docente. Essa realidade revela, mais uma vez, a precariedade da formação dos educadores, que se ressentem por não terem um conhecimento pedagógico adequado. "Eles buscam um referencial teórico, mas, como não conseguem se aprimorar, acabam fazendo no dia-a-dia um trabalho intuitivo e equivocado", afirma Andrea Rapoport, doutora em Psicologia do Desenvolvimento pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A conclusão é resultado de uma pesquisa realizada por ela para identificar os referenciais citados pelos docentes. "Grande parcela dos que afirmam se basear em determinadas correntes pedagógicas ou pensadores deixa o discurso cair por terra quando precisa justificar essas escolhas", analisa Andrea. Muitas das expressões que estão na boca dos educadores não surgiram do nada. Ao contrário, exprimem conceitos importantíssimos. Separadas dos contextos históricos e teóricos em que foram criadas, no entanto, elas acabaram sendo banalizadas. Hoje, é difícil encontrar um professor que não afirme fazer uma avaliação formativa. Porém quantos realmente sabem como ela deve ser realizada e para que servem seus resultados? Diante disso, a proposta desta reportagem é contribuir para colocar um fim nesse blablablá da Educação, ajudando a deixar as frases-prontas de lado e a se aprofundar no verdadeiro significado das idéias por trás delas - a princípio, tão ricas. Selecionamos dez expressões populares no Magistério atualmente e mostramos de onde elas provêm, seu sentido original e como foram distorcidas (leia o destaque à direita e os demais nas próximas páginas). Essa leitura é apenas um ponto de partida para o desafio, que requer muito estudo. Mas o fim do discurso vazio certamente virá acompanhado de um impacto positivo na qualidade das aulas.
APRENDER BRINCANDO
Conceito original:Uma das maneiras de adquirir conhecimento, possibilitada por diferentes atividades, mas não essencial.
Conceito distorcido:Única maneira de adquirir conhecimento, possibilitada por diferentes atividades, e principal motivação para o estudo.
Origem O aprender brincando surgiu em reação a antigas práticas escolares. Até a década de 1960, eram comuns os castigos físicos e as propostas de ensino que não consideravam os conhecimentos de crianças e jovens nem se preocupavam em envolvê-los em desafios que fizessem sentido para eles.
De fato, o processo de aprendizado nem sempre é fácil, mas resulta em satisfação. A criança aprende de muitas maneiras e com base em diferentes recursos: convivendo com os colegas, se comunicando com adultos e descobrindo seus limites em situações formais e informais.
Por que perdeu o sentido A difusão do "aprender brincando" ocorreu em oposição ao que é apresentado como difícil. "Passou-se de um extremo a outro, isto é, de uma aprendizagem com sofrimento para a brincadeira", explica Esther Pillar Grossi, professora e fundadora do Grupo de Estudos Sobre Educação, Metodologia de Pesquisa e Ação. A questão é isso ter se tornado a principal forma de ensinar e uma das motivações intrínsecas ao aprendizado. Desse modo, fica a impressão de que brincar é essencial para mediar as situações de ensino. "O dito em espanhol 'la letra con sangre entra' particulariza, para a alfabetização, a idéia de que aprender é algo muito penoso e desagradável", explica Esther. No livro Os Jogos e o Lúdico na Aprendizagem Escolar, o professor Lino de Macedo, da Universidade de São Paulo (USP), afirma que o lúdico deve propor desafios ao estudante e encaminhá-lo para a construção dos conhecimentos, mas não significa necessariamente algo agradável na perspectiva de quem faz a atividade. "Se fosse só assim, poderíamos, por exemplo, vir a ser reféns das crianças ou condenados a praticar coisas engraçadas, mesmo que sem sentido."
O objetivo da escola é ensinar os conteúdos das diferentes disciplinas, e não necessariamente proporcionando divertimento o tempo todo. A aprendizagem gera conflito, exige que a criança fique instigada a buscar respostas a problemas apresentados a ela e levanta dúvidas. O que precisa trazer prazer é a satisfação de aprender, evoluir e se apropriar do conhecimento. "A máxima da escola não pode ser aprender brincando porque aprender é difícil - assim como ensinar", conclui Tereza Perez, diretora do Centro de Educação e Documentação para Ação Comunitária (Cedac).
LEVANTAR O CONHECIMENTO PRÉVIO
Conceito original:Propor uma atividade para verificar o nível de conhecimento dos alunos sobre um tema como forma de planejar novas intervenções.
Conceito distorcido:Perguntar o que os alunos já sabem para verificar o nível de conhecimento deles e registrar o que foi dito.
Origem A importância do conhecimento prévio - um conjunto de idéias, representações e dados que servem de sustentação para um novo saber - se desenvolveu a partir da segunda metade do século 20 com o construtivismo. Nessa concepção, não existe ponto de partida zero sobre o que se vai ensinar ou aprender. Todos (alunos e professores) sempre sabem alguma coisa, mesmo que de modo implícito, do tema a ser trabalhado. Investigar o conhecimento, dentro dessa perspectiva, representa o início da relação entre o ensino e a aprendizagem. "O estudante é compreendido como alguém que domina algumas coisas e, diante de novas informações que para ele fazem algum sentido, realiza um esforço para assimilálas", explica Telma Weisz, consultora da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, no livro O Diálogo Entre o Ensino e a Aprendizagem. Ao fazer uma avaliação antes de iniciar um conteúdo, o professor consegue planejar suas interferências porque tem meios de determinar por onde começar. A ação nas próximas etapas não fica só intuitiva - é direcionada para "o que" e "como" deve ensinar.
"Não se trata de um teste, mas de uma situação real de ensino. As atividades indicadas para dar início a um projeto são aquelas que ativam os saberes das crianças", diz Regina Scarpa, coordenadora pedagógica de NOVA ESCOLA. Nesse tipo de atividade, cada aluno vai buscar os dados em seu repertório interno de maneira diferente. "O conhecimento prévio é relativo a cada um e, por isso, supõe uma investigação caso a caso", completa Macedo, da USP. Por que perdeu o sentido Ao longo dos anos, os professores reconheceram a importância de investigar o que crianças e jovens já sabem antes de começar o trabalho sobre um novo tema. No entanto, mesmo sem ter aprendido exatamente como fazer isso, muitos deles passaram a utilizar a expressão em seu dia-a-dia. Em certos casos, eles até fazem uma avaliação inicial e registram comentários, mas não utilizam esses dados para planejar as aulas ou pensar sobre as intervenções que necessitam ser feitas em classe. É preciso ter clareza também que não é perguntando o que o aluno já sabe sobre um assunto que se faz o levantamento do conhecimento prévio, mesmo porque nem sempre é fácil para ele verbalizar as informações quando é questionado. Além disso, cada conteúdo de ensino requer uma forma de abordagem. Não adianta questionar sobre temas já dominados nem ser tão desafiador a ponto de a turma não conseguir sequer entender a proposta. Outro equívoco é considerar que tudo o que foi trabalhado foi aprendido e, por isso, é possível seguir adiante. Conhecimento prévio não pode ser confundido com pré-requisito, exigência de aprendizagem que todos devem possuir como base para a experiência seguinte.
FORMAR CIDADÃOS
Conceito original:Objetivo da escola que se baseia no ensino dos conteúdos curriculares com a finalidade de preparar pessoas bem informadas e críticas.
Conceito distorcido:Objetivo da escola que se baseia em ações sociais e de preservação do meio ambiente com a finalidade de preparar pessoas conscientes de seu papel na comunidade.
Origem A frase começou a se popularizar entre os professores em meados da década de 1980 como conseqüência da redemocratização brasileira. "O surgimento do sujeito crítico, criativo e participativo se deu, institucionalmente, com o renascimento da autonomia do país após a ditadura", afirma Maria de Lourdes Ferreira, docente da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri, em Minas Gerais, e autora de diversos trabalhos sobre o tema. A Constituição de 1988 define cidadania como um dos princípios básicos da vida e ressalta que as instituições sociais, dentre elas a escola, precisam estar comprometidas com a formação cidadã. Cerca de dez anos depois, o papel da escola nesse processo foi descrito nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), que se definem como meio de garantir que "a Educação possa atuar, decisivamente, no processo de construção da cidadania".
Cabe à escola, portanto, formar pessoas bem informadas, críticas, criativas e capazes de avaliar sua condição socioeconômica, dimensionar sua participação histórica e atuar decisivamente na sociedade e na economia. E isso se faz quando todos os professores cumprirem o dever de ensinar os conteúdos curriculares, a começar por ler e escrever. Por que perdeu o sentido Além das instituições de ensino, participam de forma fundamental na construção da cidadania o governo, as organizações sociais e a família. Interpretações equivocadas sobre a função de cada uma dessas instâncias na formação do cidadão levaram a uma descaracterização do papel da Educação. Outro fator decisivo para a deturpação da idéia foi a falta de um currículo definido em cada rede - detalhando o que ensinar em cada série e disciplina -, o que tem levado muitas escolas a trabalhar sem uma proposta pedagógica clara e objetiva. Para completar, muitos professores não fazem um planejamento focado nos conteúdos de cada área. No livro Escola e Cidadania, o sociólogo suíço Philippe Perrenoud provoca: "De que serve aprender princípios cívicos ou detalhes da organização do Estado quando não se consegue ler o texto de uma lei?" Para o educador, a formação da cidadania passa pela "construção de meios intelectuais, de saberes e de competências que são fontes de autonomia, de capacidade de se expressar, de negociar, de mudar o mundo".
Esse esvaziamento da função primeira da escola gerou uma série de atividades sem foco na aprendizagem que, supostamente, têm o objetivo de despertar a cidadania e provocar a conscientização de crianças e jovens. Dentre essas situações têm destaque as campanhas e os projetos sobre meio ambiente, diversidade cultural e violência. "É enorme o número de projetos enviados ao Prêmio Victor Civita Educador Nota 10 com o objetivo de despertar a consciência ambiental e o respeito pelas diferenças com a justificativa pura e simples de que são importantes para a formação do cidadão", conta Regina Scarpa. O que os alunos aprendem, efetivamente, ao fim de um trabalho desses? Se a proposta apresentada é recolher material reciclável, a turma vai aprender a recolher material reciclável, e o objetivo de um projeto não pode ser só esse.
TER UMA TURMA HETEROGÊNEA
Conceito original:Comandar uma classe em que os alunos apresentam diferentes níveis de conhecimento, o que faz com que avancem por meio de atividades diversificadas.
Conceito distorcido:Comandar uma classe problemática em que os alunos apresentam diferentes níveis de conhecimento, razão pela qual alguns deles não avançam.
Origem Com a criação dos grupos escolares, logo após a proclamação da República, no fim do século 19, surgiu o que se convencionou chamar de turmas homogêneas. O conceito se encaixa numa antiquada corrente pedagógica que trabalha para um único perfil de aluno e pressupõe que existe uma turma com características semelhantes e, portanto, homogênea. Os exercícios de repetição eram a única estratégia de ensino, fazendo parecer que todos os estudantes tinham o mesmo desempenho e ritmo de aprendizagem. Afinal, eles seguiam modelos e apenas uma resposta era correta. A partir da década de 1930, a Educação passou a acolher as preocupações da Psicologia quanto às diferenças entre os indivíduos e a usar situações-problema. Lev Vygotsky (1896-1934) escreveu em A Formação Social da Mente que o educador deve ter uma estratégia diferenciada para cada criança porque elas não sabem igualmente o mesmo conteúdo nem aprendem de uma só maneira. Já na década de 1990, a ampliação do atendimento escolar fez chegar à sala de aula crianças de classes sociais menos favorecidas, o que deixou mais clara essa heterogeneidade.
Por que perdeu o sentido A mudança na forma de ensinar e a universalização do Ensino Fundamental acabaram, definitivamente, com a ilusão da homogeneidade. Ao mesmo tempo, a expressão "turmas heterogêneas" passou a ser usada como uma das explicações para o fato de alguns não avançarem nos conteúdos. O conhecimento dos alunos pode não corresponder ao esperado para a série, mas essa variedade de níveis em uma turma tem de ser usada de forma produtiva. "A troca de saberes entre os pares deve ser buscada: o desafio é encarar cada um na sua individualidade e promover a interação entre as diferentes habilidades a favor da aprendizagem", explica Lino de Macedo. Nos trabalhos em grupo, quem domina conteúdos e procedimentos diversos pode confrontar hipóteses, compartilhar estratégias e colaborar com os colegas.
AUMENTAR A AUTO-ESTIMA
Conceito original:Conseqüência de um trabalho baseado no ensino dos conteúdos e na necessidade de cada aluno.
Conceito distorcido:Objetivo de todo trabalho feito em classe, conquistado por meio de elogios e de premiações a cada aluno.
Origem A expressão se popularizou com a universalização do Ensino Fundamental, nos anos 1990, quando muitos dos estudantes de baixa renda que ingressaram na escola tinham dificuldade na alfabetização e na aprendizagem das várias disciplinas. Professores creditavam isso à baixa auto-estima gerada pela pobreza. A idéia é equivocada e preconceituosa, como provam diversos estudos. A auto-estima não é determinada pelo nível socioeconômico ou cultural. "O que leva a uma maior valorização pessoal é aprender", afirma Beatriz Cardoso, diretora do Cedac.
Por que perdeu o sentido Com o objetivo de aumentar a auto-estima das crianças, instituições do terceiro setor passaram a oferecer programas culturais e as escolas a propor atividades que não têm um foco claro na aprendizagem dos conteúdos. Ao mesmo tempo, premiações e elogios viraram moda. "Pensar que a garotada precisa de afago e estrelinhas mostra um distanciamento do que é essencial na Educação, que é promover conhecimento", completa Beatriz.
FAZER AVALIAÇÃO FORMATIVA
Conceito original:Utilizar vários instrumentos de verificação da aprendizagem como forma de analisar o nível de conhecimento da classe e planejar estratégias de ensino.
Conceito distorcido:Observar a aprendizagem como forma de classificar os alunos.
Origem A avaliação formativa enfoca o papel do estudante, a aprendizagem e a necessidade de o educador repensar o trabalho para melhorá-lo. A prática surge da preocupação com o processo de aprendizagem e não só com o produto ou com as notas como ponto final da aprendizagem. Testes, análises de relatórios, provas, apresentações orais, comentários ou produção de textos se aplicam também à perspectiva tradicional de ensino. "O que diferencia as duas é o que se faz com os dados: enquanto no jeito tradicional os exames são classificatórios, na avaliação formativa eles servem para redirecionar o trabalho docente para permitir que cada um avance em seu ritmo", diz Cipriano Luckesi, da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia.
Por que perdeu o sentido Cientes de que é necessário ficar constantemente atentos a todo o percurso de aprendizagem, os professores começaram a empregar a observação como estratégia do que passaram a chamar de avaliação formativa. Além de não utilizarem o resultado dessa análise para redirecionar a prática, deixam de lado as provas e outros instrumentos de verificação da aprendizagem. A razão é o fato de as notas não serem mais tão valorizadas como a única função da avaliação. O resultado disso é que não conseguem mensurar quanto as turmas avançaram na aprendizagem de cada conteúdo. "A avaliação só tem sentido se visa como ponto de partida e de chegada o processo pedagógico", dizem Delia Lerner e Alicia Palacios de Pizani no livro A Aprendizagem da Língua Escrita na Escola.
TRABALHAR A INTERDISCIPLINARIDADE
Conceito original:Relacionar os conteúdos das diversas áreas quando isso for necessário para a compreensão de um conceito, sem esquecer as características das didáticas específicas de cada uma delas.
Conceito distorcido:Relacionar os conteúdos das diversas áreas em todos os projetos propostos aos alunos.
Origem O conceito de interdisciplinaridade surgiu no fim da década de 1960, na França e na Itália, e logo chegou aos Estados Unidos. Nessa época, os universitários lutavam contra a fragmentação das áreas e sua especialização, buscando a aproximação do currículo aos temas políticos e sociais. O discurso chegou ao Brasil e foi impulsionado pelos "temas geradores", conceito apresentado por Paulo Freire no livro Pedagogia do Oprimido, de 1968. De acordo com ele, a intenção era propor aos indivíduos dimensões significativas de sua realidade, cuja análise crítica lhes possibilitasse reconhecer a interação entre as partes. Dessa forma, eles poderiam compreender melhor o mundo e atuar nele de forma consciente e participativa. Freire diz ser indispensável ter, antes, a visão total do contexto para, depois, separar seus elementos. Com esse isolamento, é possível voltar com mais clareza ao todo analisado.
No Ensino Fundamental, um trabalho interdisciplinar é aquele em que se estuda um tema integrando disciplinas com a intenção de que o conhecimento seja global e tenha significado para a garotada. Ele deve ser bem delimitado e permitir que haja o diálogo entre os conteúdos estudados para que os saberes sejam aprofundados. "O conhecimento é interdisciplinar. Ele é formado por fatos, conceitos e procedimentos relativos a áreas diferentes", diz Tereza Perez, do Cedac. Por que perdeu o sentido A idéia começou a ser valorizada e a ganhar adeptos por todo o país com o passar dos anos. Na década de 1990, quando Freire assumiu a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, ela chegou a muitas escolas paulistanas. No entanto, não foi sempre bem aplicada. Em primeiro lugar porque nem todo bom projeto necessita ser interdisciplinar, como muitos acreditam. Alguns conteúdos são bem ensinados em apenas uma área, não precisando de interação com as demais. A relação entre as disciplinas deve aparecer dentro de situações didáticas que realmente possibilitem a aprendizagem em cada uma delas - e não apenas num formato em que sejam utilizados conhecimentos já adquiridos. Mostrar um mapa na aula de Matemática, por exemplo, não é ensinar Geografia, assim como apenas pedir a leitura de um texto de História não é aprofundar-se na Língua Portuguesa. O trabalho interdisciplinar terá cumprido sua função se o aluno passar de um estágio de menor conhecimento para outro de maior conhecimento em cada um dos conteúdos envolvidos.
PARTIR DO INTERESSE DOS ALUNOS
Conceito original:Considerar a criança e seus interesses como foco do processo educacional por meio da avaliação do que ela já sabe como forma de levá-la a um nível maior de conhecimento.
Conceito distorcido:Considerar a criança e seus interesses como foco do processo educacional e ensinar o que ela está com vontade de aprender.
Origem A idéia nasceu com a Escola Nova, no início da década de 1930. O movimento é considerado o mais vigoroso grupo de renovação da Educação do país depois da criação da escola pública burguesa. Os ideais escolanovistas se popularizam no Brasil pela ação de um grupo de intelectuais liderados por Anísio Teixeira (1900-1971). "O grupo de Teixeira se opunha à visão tradicional da escola, na qual cabe ao professor transmitir conhecimentos aos alunos, que devem permanecer em silêncio e atentos às explicações", explica Raymundo de Lima, da UEM. Para o movimento, o aumento do poder do estudante era essencial - sua vontade e sua capacidade de agir, espontaneamente, deveriam substituir a imposição, pelo professor, de julgamentos prontos. "Essa foi a primeira tentativa no país de diminuir a verborragia dos mestres em aula e de olhar mais para crianças e jovens", ressalta Lima.
O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova foi lançado em março de 1932 e assinala que a "nova doutrina, que não considera a função educacional como uma função de superposição ou de acréscimo (...), transfere para a criança e para o respeito de sua personalidade o eixo da escola e o centro de gravidade do problema da Educação". Passou-se a considerar o que os alunos pensam e a entender que eles têm idéias a ser respeitadas. Por que perdeu o sentido Apoiados na concepção de que é necessário ter como base o interesse da turma, muitos educadores passaram a colocar a intencionalidade do ensino e o planejamento prévio em segundo plano. Essa deturpação foi ganhando espaço a ponto de algumas escolas chegarem a começar o ano sem determinar quais conteúdos devem ser trabalhados em aula e a orientar o corpo docente a descobrir primeiro o que a garotada quer estudar para depois se planejar. "A idéia, em casos como esses, é que alguns temas geradores podem levar a aulas mais participativas", explica Priscila Monteiro, consultora educacional, formadora de professores e selecionadora do Prêmio Victor Civita Educador Nota 10. "O problema é que, sem um planejamento detalhado e um currículo claro a seguir, a tendência é de perda na qualidade do ensino", diz ela. Em didática, são três os pilares do processo de ensino e de aprendizagem: o conteúdo, a maneira como a criança aprende e o modo como o professor ensina. Na escola tradicional, o foco está no conteúdo e o mestre é quem domina e transmite seu saber. Com a Escola Nova, houve uma mudança: a figura central passou a ser o aluno e seus interesses. "Basear-se apenas no que ele quer aprender, contudo, é uma idéia restritiva, pois cabe à escola trabalhar conteúdos novos e desconhecidos e que, por isso, não podem ser mencionados naturalmente como uma curiosidade", ressalta Priscila. É claro que o interesse que as turmas têm por determinados assuntos deve ser considerado. No entanto, é preciso ter como base os conhecimentos didáticos específicos para planejar a abordagem e as intervenções a fazer. O grande desafio hoje é desenvolver a sensibilidade para propor situações-problema desafiadoras que despertem a atenção de todos.
DESENVOLVER A CRIATIVIDADE
Conceito original:Levar o estudante a propor diferentes soluções para um problema com base em informações sobre o tema.
Conceito distorcido:Levar o estudante a realizar atividades do jeito que ele preferir.
Origem A valorização da criatividade como uma capacidade humana que deve ser estimulada começou a ocorrer no começo da década de 1950, com a mudança de conceitos vigentes até então. "Nesse período, muitos acreditavam que a inteligência era uma dimensão relativamente fácil de ser medida e a criatividade era um atributo de poucos privilegiados", explica Eunice Soriano de Alencar, da Universidade Católica de Brasília. Uma série de pesquisas realizadas, sobretudo nos Estados Unidos, mostrou que não é possível medir a inteligência de maneira satisfatória e que, na realidade, ser criativo é algo inato a todo ser humano.
A partir dos anos 1980, dezenas de livros sobre o tema foram publicados, revelando que um ambiente livre e propício à inventividade ajuda a desenvolver essa capacidade. Com as mudanças tecnológicas e sociais do mundo contemporâneo, estimular o lado criativo das pessoas passou a ser vital e a escola acabou vista como uma das principais responsáveis por esse trabalho. "Estar preparado para solucionar problemas de forma criativa é algo indispensável no cenário deste novo milênio, em que inovar é uma palavra de ordem", acredita Eunice. Por que perdeu o sentido Considerando a importância de desenvolver a criatividade da turma, muitos professores passaram a propor atividades sem um conteúdo claro de aprendizagem e a justificar seu objetivo como sendo o de estimulá-la. O problema disso é que o objetivo da escola é ensinar conteúdos específicos, o que pode ser foco de avaliação para determinar se a turma avançou ou não - o que é mais difícil de ser feito quando falamos de um conceito como a criatividade. Além disso, é importante ressaltar que não se pode desenvolver a capacidade de criar lançando mão de qualquer tipo de trabalho e que ninguém inventa algo de maneira espontânea. Os alunos necessitam de um repertório amplo para que consigam desenvolver essa capacidade com autonomia. Não é a inspiração que importa, mas o empenho e o trabalho realizado. "Criatividade é a capacidade de fazer relações entre os conhecimentos. Assim como só se aprende algo novo com base no que já conhecemos, só é possível criar com base em nosso conhecimento prévio sobre um assunto", explica Monique Deheinzelin, orientadora de projetos curriculares, formadora de professores e autora de diversos livros sobre o tema. Cabe à escola, portanto, dar oportunidades para todos desenvolverem seu percurso criador, promovendo a flexibilidade, a abertura ao novo, a habilidade de propor soluções inovadoras para problemas diversos e a coragem para enfrentar o inesperado. O educador pode trabalhar atividades que não sejam tão fechadas a ponto de permitir somente uma resposta e nem tão abertas para que qualquer coisa possa ser aceita. "Pedir trabalhos com um produto final já conhecido ou propor atividades mecânicas e repetitivas, como colocar as crianças para pintar um desenho pronto, não leva ninguém a ser mais criativo", explica Monique. Para isso, é preciso propor ações transformadoras, por meio das quais sejam mobilizados novos saberes.
FOCAR A REALIDADE DO ALUNO
Conceito original:Considerar o saber trazido pelos alunos como um ponto de partida e sempre apresentar a eles novos conhecimentos.
Conceito distorcido:Basear-se somente no saber trazido pelos alunos como parâmetro para determinar o que lhes interessa aprender.
Origem A idéia foi muito propagada por Paulo Freire, que valorizava a presença do saber dos estudantes das camadas populares na sala de aula. Ele propunha que, com uma pesquisa prévia do universo dos termos falados pelos educandos, fossem selecionados alguns - as chamadas palavras geradoras - para que propiciassem a formação de outros e também funcionassem como ponto de partida para que a turma compreendesse o mundo e organizasse seu pensamento a respeito dele. Ou seja, Freire sempre destacou a necessidade de ultrapassar as fronteiras da realidade mostrada pelas palavras. Tanto que ele defendia a Educação como prática de liberdade e dizia que "o povo tem o direito não só de saber melhor o que já sabe mas também saber o que ainda não sabe". Por isso, defendia que é importante ampliar e aprofundar o conhecimento sempre.
Por que perdeu o sentido Muitos professores trabalham concentrados somente no meio em que vivem os estudantes e acabam por simplificar o pensamento freireano, julgando que isso facilita o aprendizado. Acreditam que é preciso tomar como base só o que já é conhecido. Então, ensinam primeiro o conceito de bairro para depois apresentar o de cidade, estado e país, por exemplo. Como se a lógica de compreensão dos conceitos estivesse atrelada à maior ou à menor proximidade física e como se fosse possível mensurar a complexidade desses conceitos baseando-se nas dimensões geográficas. "Não se aprende somente com base no que temos à nossa volta, no que é considerado 'concreto' e no que os adultos consideram simples", afirma Roberta Panico, do Cedac. Outra crença que criou raízes no pensamento dos educadores é que a realidade é o limite do que deve ser ensinado. O professor não pode decidir não trabalhar conceitos relativos ao sertão porque leciona em uma região litorânea. "O mal provocado por essa atitude é a condenação do aluno à estagnação. Com isso, a escola deixa de cumprir seu papel", diz Vera Barreto, coordenadora do Vereda - Centro de Estudos em Educação. Entrar em contato com o diferente permite analisar a realidade com mais riqueza porque oferece fontes para comparação. Ir além do que já é conhecido também garante o cumprimento do que sugerem os PCNs, já que o cotidiano de um estudante que é filho de operários da construção civil, por exemplo, não tem vínculos com a sociedade da Grécia antiga, tema presente nas aulas de História. "Se o professor ficar focado somente no local, não terá como abordar todos os conteúdos", completa Vera.
Quer saber mais?
BIBLIOGRAFIA A Aprendizagem da Língua Escrita na Escola, Delia Lerner e Alicia Palacios de Pizani, 104 págs., Ed. Artmed, tel. 0800-703-3444 (edição esgotada) A Formação Social da Mente, Lev Vygotsky, 224 págs., Ed. Martins Fontes, tel. (11) 3241-3677, 39,80 reais Avaliação da Aprendizagem Escolar, Cipriano Carlos Luckesi, 182 págs., Ed. Cortez, tel. (11) 3611-9616, 25 reais Construtivismo: A Poética das Transformações, Monique Deheinzelin, 142 págs., Ed. Ática, tel. 0800-115-152, 20 reais Criatividade e Educação de Superdotados, Eunice Soariano de Alencar, 232 págs., Ed. Vozes, tel. (11) 3105-7144, 37,20 reais Escola e Cidadania, Philippe Perrenoud, 184 págs., Ed. Artmed, 42 reais Interdisciplinaridade: História, Teoria e Pesquisa, Ivani Fazenda, 144 págs., Ed. Papirus, tel. (19) 3272-4500, 32,50 reais O Diálogo Entre o Ensino e a Aprendizagem, Telma Weisz, 136 págs., Ed. Ática, 34,90 reais O Ensino de Matemática Hoje, Patricia Sadowsky, 112 págs., Ed. Ática, 24,90 reais Os Jogos e o Lúdico na Aprendizagem Escolar, Lino de Macedo e outros, 110 págs., Ed. Artmed, 28 reais Pedagogia do Oprimido, Paulo Freire, 213 págs., Ed. Paz e Terra, tel. (11) 3337-8399, 35 reais
A fala dos educadores brasileiros nunca esteve tão afiada. Conceitos importantes da Pedagogia e as práticas de sala de aula mais valorizadas hoje estão na ponta da língua e ajudam a definir o trabalho docente. Não é preciso estar entre grandes mestres para ouvir citações de Paulo Freire (1921-1997), como a importância de "focar a realidade do aluno" durante o planejamento, ou sobre o construtivismo - a necessidade de "levantar o conhecimento prévio" da turma. No entanto, conforme a conversa avança, percebe-se que, na média, ela está calcada num discurso vazio (tal qual as palavras nos balões que ilustram esta reportagem). O resultado é a transformação de idéias consagradas - como formar cidadãos - em jargões que perderam o significado original. Esse conceito, difundido com a redemocratização do país, relacionava-se à necessidade de as pessoas terem um preparo que lhes permitisse atuar na sociedade - incluído aí saber ler e escrever e os demais conteúdos do currículo. Hoje, o sentido de cidadania propagado em muitos projetos está relacionado apenas a ações de preservação ambiental ou de cunho social - como se socializar o conhecimento construído pela humanidade, ou seja, ensinar, já não fosse tarefa suficiente para a escola. "Os professores usam essas expressões sem ref letir sobre elas e sem compreender em que se baseiam", ressalta Raymundo de Lima, professor do Departamento de Fundamentos da Educação da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e estudioso do discurso docente. Essa realidade revela, mais uma vez, a precariedade da formação dos educadores, que se ressentem por não terem um conhecimento pedagógico adequado. "Eles buscam um referencial teórico, mas, como não conseguem se aprimorar, acabam fazendo no dia-a-dia um trabalho intuitivo e equivocado", afirma Andrea Rapoport, doutora em Psicologia do Desenvolvimento pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A conclusão é resultado de uma pesquisa realizada por ela para identificar os referenciais citados pelos docentes. "Grande parcela dos que afirmam se basear em determinadas correntes pedagógicas ou pensadores deixa o discurso cair por terra quando precisa justificar essas escolhas", analisa Andrea. Muitas das expressões que estão na boca dos educadores não surgiram do nada. Ao contrário, exprimem conceitos importantíssimos. Separadas dos contextos históricos e teóricos em que foram criadas, no entanto, elas acabaram sendo banalizadas. Hoje, é difícil encontrar um professor que não afirme fazer uma avaliação formativa. Porém quantos realmente sabem como ela deve ser realizada e para que servem seus resultados? Diante disso, a proposta desta reportagem é contribuir para colocar um fim nesse blablablá da Educação, ajudando a deixar as frases-prontas de lado e a se aprofundar no verdadeiro significado das idéias por trás delas - a princípio, tão ricas. Selecionamos dez expressões populares no Magistério atualmente e mostramos de onde elas provêm, seu sentido original e como foram distorcidas (leia o destaque à direita e os demais nas próximas páginas). Essa leitura é apenas um ponto de partida para o desafio, que requer muito estudo. Mas o fim do discurso vazio certamente virá acompanhado de um impacto positivo na qualidade das aulas.
APRENDER BRINCANDO
Conceito original:Uma das maneiras de adquirir conhecimento, possibilitada por diferentes atividades, mas não essencial.
Conceito distorcido:Única maneira de adquirir conhecimento, possibilitada por diferentes atividades, e principal motivação para o estudo.
Origem O aprender brincando surgiu em reação a antigas práticas escolares. Até a década de 1960, eram comuns os castigos físicos e as propostas de ensino que não consideravam os conhecimentos de crianças e jovens nem se preocupavam em envolvê-los em desafios que fizessem sentido para eles.
De fato, o processo de aprendizado nem sempre é fácil, mas resulta em satisfação. A criança aprende de muitas maneiras e com base em diferentes recursos: convivendo com os colegas, se comunicando com adultos e descobrindo seus limites em situações formais e informais.
Por que perdeu o sentido A difusão do "aprender brincando" ocorreu em oposição ao que é apresentado como difícil. "Passou-se de um extremo a outro, isto é, de uma aprendizagem com sofrimento para a brincadeira", explica Esther Pillar Grossi, professora e fundadora do Grupo de Estudos Sobre Educação, Metodologia de Pesquisa e Ação. A questão é isso ter se tornado a principal forma de ensinar e uma das motivações intrínsecas ao aprendizado. Desse modo, fica a impressão de que brincar é essencial para mediar as situações de ensino. "O dito em espanhol 'la letra con sangre entra' particulariza, para a alfabetização, a idéia de que aprender é algo muito penoso e desagradável", explica Esther. No livro Os Jogos e o Lúdico na Aprendizagem Escolar, o professor Lino de Macedo, da Universidade de São Paulo (USP), afirma que o lúdico deve propor desafios ao estudante e encaminhá-lo para a construção dos conhecimentos, mas não significa necessariamente algo agradável na perspectiva de quem faz a atividade. "Se fosse só assim, poderíamos, por exemplo, vir a ser reféns das crianças ou condenados a praticar coisas engraçadas, mesmo que sem sentido."
O objetivo da escola é ensinar os conteúdos das diferentes disciplinas, e não necessariamente proporcionando divertimento o tempo todo. A aprendizagem gera conflito, exige que a criança fique instigada a buscar respostas a problemas apresentados a ela e levanta dúvidas. O que precisa trazer prazer é a satisfação de aprender, evoluir e se apropriar do conhecimento. "A máxima da escola não pode ser aprender brincando porque aprender é difícil - assim como ensinar", conclui Tereza Perez, diretora do Centro de Educação e Documentação para Ação Comunitária (Cedac).
LEVANTAR O CONHECIMENTO PRÉVIO
Conceito original:Propor uma atividade para verificar o nível de conhecimento dos alunos sobre um tema como forma de planejar novas intervenções.
Conceito distorcido:Perguntar o que os alunos já sabem para verificar o nível de conhecimento deles e registrar o que foi dito.
Origem A importância do conhecimento prévio - um conjunto de idéias, representações e dados que servem de sustentação para um novo saber - se desenvolveu a partir da segunda metade do século 20 com o construtivismo. Nessa concepção, não existe ponto de partida zero sobre o que se vai ensinar ou aprender. Todos (alunos e professores) sempre sabem alguma coisa, mesmo que de modo implícito, do tema a ser trabalhado. Investigar o conhecimento, dentro dessa perspectiva, representa o início da relação entre o ensino e a aprendizagem. "O estudante é compreendido como alguém que domina algumas coisas e, diante de novas informações que para ele fazem algum sentido, realiza um esforço para assimilálas", explica Telma Weisz, consultora da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, no livro O Diálogo Entre o Ensino e a Aprendizagem. Ao fazer uma avaliação antes de iniciar um conteúdo, o professor consegue planejar suas interferências porque tem meios de determinar por onde começar. A ação nas próximas etapas não fica só intuitiva - é direcionada para "o que" e "como" deve ensinar.
"Não se trata de um teste, mas de uma situação real de ensino. As atividades indicadas para dar início a um projeto são aquelas que ativam os saberes das crianças", diz Regina Scarpa, coordenadora pedagógica de NOVA ESCOLA. Nesse tipo de atividade, cada aluno vai buscar os dados em seu repertório interno de maneira diferente. "O conhecimento prévio é relativo a cada um e, por isso, supõe uma investigação caso a caso", completa Macedo, da USP. Por que perdeu o sentido Ao longo dos anos, os professores reconheceram a importância de investigar o que crianças e jovens já sabem antes de começar o trabalho sobre um novo tema. No entanto, mesmo sem ter aprendido exatamente como fazer isso, muitos deles passaram a utilizar a expressão em seu dia-a-dia. Em certos casos, eles até fazem uma avaliação inicial e registram comentários, mas não utilizam esses dados para planejar as aulas ou pensar sobre as intervenções que necessitam ser feitas em classe. É preciso ter clareza também que não é perguntando o que o aluno já sabe sobre um assunto que se faz o levantamento do conhecimento prévio, mesmo porque nem sempre é fácil para ele verbalizar as informações quando é questionado. Além disso, cada conteúdo de ensino requer uma forma de abordagem. Não adianta questionar sobre temas já dominados nem ser tão desafiador a ponto de a turma não conseguir sequer entender a proposta. Outro equívoco é considerar que tudo o que foi trabalhado foi aprendido e, por isso, é possível seguir adiante. Conhecimento prévio não pode ser confundido com pré-requisito, exigência de aprendizagem que todos devem possuir como base para a experiência seguinte.
FORMAR CIDADÃOS
Conceito original:Objetivo da escola que se baseia no ensino dos conteúdos curriculares com a finalidade de preparar pessoas bem informadas e críticas.
Conceito distorcido:Objetivo da escola que se baseia em ações sociais e de preservação do meio ambiente com a finalidade de preparar pessoas conscientes de seu papel na comunidade.
Origem A frase começou a se popularizar entre os professores em meados da década de 1980 como conseqüência da redemocratização brasileira. "O surgimento do sujeito crítico, criativo e participativo se deu, institucionalmente, com o renascimento da autonomia do país após a ditadura", afirma Maria de Lourdes Ferreira, docente da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri, em Minas Gerais, e autora de diversos trabalhos sobre o tema. A Constituição de 1988 define cidadania como um dos princípios básicos da vida e ressalta que as instituições sociais, dentre elas a escola, precisam estar comprometidas com a formação cidadã. Cerca de dez anos depois, o papel da escola nesse processo foi descrito nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), que se definem como meio de garantir que "a Educação possa atuar, decisivamente, no processo de construção da cidadania".
Cabe à escola, portanto, formar pessoas bem informadas, críticas, criativas e capazes de avaliar sua condição socioeconômica, dimensionar sua participação histórica e atuar decisivamente na sociedade e na economia. E isso se faz quando todos os professores cumprirem o dever de ensinar os conteúdos curriculares, a começar por ler e escrever. Por que perdeu o sentido Além das instituições de ensino, participam de forma fundamental na construção da cidadania o governo, as organizações sociais e a família. Interpretações equivocadas sobre a função de cada uma dessas instâncias na formação do cidadão levaram a uma descaracterização do papel da Educação. Outro fator decisivo para a deturpação da idéia foi a falta de um currículo definido em cada rede - detalhando o que ensinar em cada série e disciplina -, o que tem levado muitas escolas a trabalhar sem uma proposta pedagógica clara e objetiva. Para completar, muitos professores não fazem um planejamento focado nos conteúdos de cada área. No livro Escola e Cidadania, o sociólogo suíço Philippe Perrenoud provoca: "De que serve aprender princípios cívicos ou detalhes da organização do Estado quando não se consegue ler o texto de uma lei?" Para o educador, a formação da cidadania passa pela "construção de meios intelectuais, de saberes e de competências que são fontes de autonomia, de capacidade de se expressar, de negociar, de mudar o mundo".
Esse esvaziamento da função primeira da escola gerou uma série de atividades sem foco na aprendizagem que, supostamente, têm o objetivo de despertar a cidadania e provocar a conscientização de crianças e jovens. Dentre essas situações têm destaque as campanhas e os projetos sobre meio ambiente, diversidade cultural e violência. "É enorme o número de projetos enviados ao Prêmio Victor Civita Educador Nota 10 com o objetivo de despertar a consciência ambiental e o respeito pelas diferenças com a justificativa pura e simples de que são importantes para a formação do cidadão", conta Regina Scarpa. O que os alunos aprendem, efetivamente, ao fim de um trabalho desses? Se a proposta apresentada é recolher material reciclável, a turma vai aprender a recolher material reciclável, e o objetivo de um projeto não pode ser só esse.
TER UMA TURMA HETEROGÊNEA
Conceito original:Comandar uma classe em que os alunos apresentam diferentes níveis de conhecimento, o que faz com que avancem por meio de atividades diversificadas.
Conceito distorcido:Comandar uma classe problemática em que os alunos apresentam diferentes níveis de conhecimento, razão pela qual alguns deles não avançam.
Origem Com a criação dos grupos escolares, logo após a proclamação da República, no fim do século 19, surgiu o que se convencionou chamar de turmas homogêneas. O conceito se encaixa numa antiquada corrente pedagógica que trabalha para um único perfil de aluno e pressupõe que existe uma turma com características semelhantes e, portanto, homogênea. Os exercícios de repetição eram a única estratégia de ensino, fazendo parecer que todos os estudantes tinham o mesmo desempenho e ritmo de aprendizagem. Afinal, eles seguiam modelos e apenas uma resposta era correta. A partir da década de 1930, a Educação passou a acolher as preocupações da Psicologia quanto às diferenças entre os indivíduos e a usar situações-problema. Lev Vygotsky (1896-1934) escreveu em A Formação Social da Mente que o educador deve ter uma estratégia diferenciada para cada criança porque elas não sabem igualmente o mesmo conteúdo nem aprendem de uma só maneira. Já na década de 1990, a ampliação do atendimento escolar fez chegar à sala de aula crianças de classes sociais menos favorecidas, o que deixou mais clara essa heterogeneidade.
Por que perdeu o sentido A mudança na forma de ensinar e a universalização do Ensino Fundamental acabaram, definitivamente, com a ilusão da homogeneidade. Ao mesmo tempo, a expressão "turmas heterogêneas" passou a ser usada como uma das explicações para o fato de alguns não avançarem nos conteúdos. O conhecimento dos alunos pode não corresponder ao esperado para a série, mas essa variedade de níveis em uma turma tem de ser usada de forma produtiva. "A troca de saberes entre os pares deve ser buscada: o desafio é encarar cada um na sua individualidade e promover a interação entre as diferentes habilidades a favor da aprendizagem", explica Lino de Macedo. Nos trabalhos em grupo, quem domina conteúdos e procedimentos diversos pode confrontar hipóteses, compartilhar estratégias e colaborar com os colegas.
AUMENTAR A AUTO-ESTIMA
Conceito original:Conseqüência de um trabalho baseado no ensino dos conteúdos e na necessidade de cada aluno.
Conceito distorcido:Objetivo de todo trabalho feito em classe, conquistado por meio de elogios e de premiações a cada aluno.
Origem A expressão se popularizou com a universalização do Ensino Fundamental, nos anos 1990, quando muitos dos estudantes de baixa renda que ingressaram na escola tinham dificuldade na alfabetização e na aprendizagem das várias disciplinas. Professores creditavam isso à baixa auto-estima gerada pela pobreza. A idéia é equivocada e preconceituosa, como provam diversos estudos. A auto-estima não é determinada pelo nível socioeconômico ou cultural. "O que leva a uma maior valorização pessoal é aprender", afirma Beatriz Cardoso, diretora do Cedac.
Por que perdeu o sentido Com o objetivo de aumentar a auto-estima das crianças, instituições do terceiro setor passaram a oferecer programas culturais e as escolas a propor atividades que não têm um foco claro na aprendizagem dos conteúdos. Ao mesmo tempo, premiações e elogios viraram moda. "Pensar que a garotada precisa de afago e estrelinhas mostra um distanciamento do que é essencial na Educação, que é promover conhecimento", completa Beatriz.
FAZER AVALIAÇÃO FORMATIVA
Conceito original:Utilizar vários instrumentos de verificação da aprendizagem como forma de analisar o nível de conhecimento da classe e planejar estratégias de ensino.
Conceito distorcido:Observar a aprendizagem como forma de classificar os alunos.
Origem A avaliação formativa enfoca o papel do estudante, a aprendizagem e a necessidade de o educador repensar o trabalho para melhorá-lo. A prática surge da preocupação com o processo de aprendizagem e não só com o produto ou com as notas como ponto final da aprendizagem. Testes, análises de relatórios, provas, apresentações orais, comentários ou produção de textos se aplicam também à perspectiva tradicional de ensino. "O que diferencia as duas é o que se faz com os dados: enquanto no jeito tradicional os exames são classificatórios, na avaliação formativa eles servem para redirecionar o trabalho docente para permitir que cada um avance em seu ritmo", diz Cipriano Luckesi, da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia.
Por que perdeu o sentido Cientes de que é necessário ficar constantemente atentos a todo o percurso de aprendizagem, os professores começaram a empregar a observação como estratégia do que passaram a chamar de avaliação formativa. Além de não utilizarem o resultado dessa análise para redirecionar a prática, deixam de lado as provas e outros instrumentos de verificação da aprendizagem. A razão é o fato de as notas não serem mais tão valorizadas como a única função da avaliação. O resultado disso é que não conseguem mensurar quanto as turmas avançaram na aprendizagem de cada conteúdo. "A avaliação só tem sentido se visa como ponto de partida e de chegada o processo pedagógico", dizem Delia Lerner e Alicia Palacios de Pizani no livro A Aprendizagem da Língua Escrita na Escola.
TRABALHAR A INTERDISCIPLINARIDADE
Conceito original:Relacionar os conteúdos das diversas áreas quando isso for necessário para a compreensão de um conceito, sem esquecer as características das didáticas específicas de cada uma delas.
Conceito distorcido:Relacionar os conteúdos das diversas áreas em todos os projetos propostos aos alunos.
Origem O conceito de interdisciplinaridade surgiu no fim da década de 1960, na França e na Itália, e logo chegou aos Estados Unidos. Nessa época, os universitários lutavam contra a fragmentação das áreas e sua especialização, buscando a aproximação do currículo aos temas políticos e sociais. O discurso chegou ao Brasil e foi impulsionado pelos "temas geradores", conceito apresentado por Paulo Freire no livro Pedagogia do Oprimido, de 1968. De acordo com ele, a intenção era propor aos indivíduos dimensões significativas de sua realidade, cuja análise crítica lhes possibilitasse reconhecer a interação entre as partes. Dessa forma, eles poderiam compreender melhor o mundo e atuar nele de forma consciente e participativa. Freire diz ser indispensável ter, antes, a visão total do contexto para, depois, separar seus elementos. Com esse isolamento, é possível voltar com mais clareza ao todo analisado.
No Ensino Fundamental, um trabalho interdisciplinar é aquele em que se estuda um tema integrando disciplinas com a intenção de que o conhecimento seja global e tenha significado para a garotada. Ele deve ser bem delimitado e permitir que haja o diálogo entre os conteúdos estudados para que os saberes sejam aprofundados. "O conhecimento é interdisciplinar. Ele é formado por fatos, conceitos e procedimentos relativos a áreas diferentes", diz Tereza Perez, do Cedac. Por que perdeu o sentido A idéia começou a ser valorizada e a ganhar adeptos por todo o país com o passar dos anos. Na década de 1990, quando Freire assumiu a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, ela chegou a muitas escolas paulistanas. No entanto, não foi sempre bem aplicada. Em primeiro lugar porque nem todo bom projeto necessita ser interdisciplinar, como muitos acreditam. Alguns conteúdos são bem ensinados em apenas uma área, não precisando de interação com as demais. A relação entre as disciplinas deve aparecer dentro de situações didáticas que realmente possibilitem a aprendizagem em cada uma delas - e não apenas num formato em que sejam utilizados conhecimentos já adquiridos. Mostrar um mapa na aula de Matemática, por exemplo, não é ensinar Geografia, assim como apenas pedir a leitura de um texto de História não é aprofundar-se na Língua Portuguesa. O trabalho interdisciplinar terá cumprido sua função se o aluno passar de um estágio de menor conhecimento para outro de maior conhecimento em cada um dos conteúdos envolvidos.
PARTIR DO INTERESSE DOS ALUNOS
Conceito original:Considerar a criança e seus interesses como foco do processo educacional por meio da avaliação do que ela já sabe como forma de levá-la a um nível maior de conhecimento.
Conceito distorcido:Considerar a criança e seus interesses como foco do processo educacional e ensinar o que ela está com vontade de aprender.
Origem A idéia nasceu com a Escola Nova, no início da década de 1930. O movimento é considerado o mais vigoroso grupo de renovação da Educação do país depois da criação da escola pública burguesa. Os ideais escolanovistas se popularizam no Brasil pela ação de um grupo de intelectuais liderados por Anísio Teixeira (1900-1971). "O grupo de Teixeira se opunha à visão tradicional da escola, na qual cabe ao professor transmitir conhecimentos aos alunos, que devem permanecer em silêncio e atentos às explicações", explica Raymundo de Lima, da UEM. Para o movimento, o aumento do poder do estudante era essencial - sua vontade e sua capacidade de agir, espontaneamente, deveriam substituir a imposição, pelo professor, de julgamentos prontos. "Essa foi a primeira tentativa no país de diminuir a verborragia dos mestres em aula e de olhar mais para crianças e jovens", ressalta Lima.
O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova foi lançado em março de 1932 e assinala que a "nova doutrina, que não considera a função educacional como uma função de superposição ou de acréscimo (...), transfere para a criança e para o respeito de sua personalidade o eixo da escola e o centro de gravidade do problema da Educação". Passou-se a considerar o que os alunos pensam e a entender que eles têm idéias a ser respeitadas. Por que perdeu o sentido Apoiados na concepção de que é necessário ter como base o interesse da turma, muitos educadores passaram a colocar a intencionalidade do ensino e o planejamento prévio em segundo plano. Essa deturpação foi ganhando espaço a ponto de algumas escolas chegarem a começar o ano sem determinar quais conteúdos devem ser trabalhados em aula e a orientar o corpo docente a descobrir primeiro o que a garotada quer estudar para depois se planejar. "A idéia, em casos como esses, é que alguns temas geradores podem levar a aulas mais participativas", explica Priscila Monteiro, consultora educacional, formadora de professores e selecionadora do Prêmio Victor Civita Educador Nota 10. "O problema é que, sem um planejamento detalhado e um currículo claro a seguir, a tendência é de perda na qualidade do ensino", diz ela. Em didática, são três os pilares do processo de ensino e de aprendizagem: o conteúdo, a maneira como a criança aprende e o modo como o professor ensina. Na escola tradicional, o foco está no conteúdo e o mestre é quem domina e transmite seu saber. Com a Escola Nova, houve uma mudança: a figura central passou a ser o aluno e seus interesses. "Basear-se apenas no que ele quer aprender, contudo, é uma idéia restritiva, pois cabe à escola trabalhar conteúdos novos e desconhecidos e que, por isso, não podem ser mencionados naturalmente como uma curiosidade", ressalta Priscila. É claro que o interesse que as turmas têm por determinados assuntos deve ser considerado. No entanto, é preciso ter como base os conhecimentos didáticos específicos para planejar a abordagem e as intervenções a fazer. O grande desafio hoje é desenvolver a sensibilidade para propor situações-problema desafiadoras que despertem a atenção de todos.
DESENVOLVER A CRIATIVIDADE
Conceito original:Levar o estudante a propor diferentes soluções para um problema com base em informações sobre o tema.
Conceito distorcido:Levar o estudante a realizar atividades do jeito que ele preferir.
Origem A valorização da criatividade como uma capacidade humana que deve ser estimulada começou a ocorrer no começo da década de 1950, com a mudança de conceitos vigentes até então. "Nesse período, muitos acreditavam que a inteligência era uma dimensão relativamente fácil de ser medida e a criatividade era um atributo de poucos privilegiados", explica Eunice Soriano de Alencar, da Universidade Católica de Brasília. Uma série de pesquisas realizadas, sobretudo nos Estados Unidos, mostrou que não é possível medir a inteligência de maneira satisfatória e que, na realidade, ser criativo é algo inato a todo ser humano.
A partir dos anos 1980, dezenas de livros sobre o tema foram publicados, revelando que um ambiente livre e propício à inventividade ajuda a desenvolver essa capacidade. Com as mudanças tecnológicas e sociais do mundo contemporâneo, estimular o lado criativo das pessoas passou a ser vital e a escola acabou vista como uma das principais responsáveis por esse trabalho. "Estar preparado para solucionar problemas de forma criativa é algo indispensável no cenário deste novo milênio, em que inovar é uma palavra de ordem", acredita Eunice. Por que perdeu o sentido Considerando a importância de desenvolver a criatividade da turma, muitos professores passaram a propor atividades sem um conteúdo claro de aprendizagem e a justificar seu objetivo como sendo o de estimulá-la. O problema disso é que o objetivo da escola é ensinar conteúdos específicos, o que pode ser foco de avaliação para determinar se a turma avançou ou não - o que é mais difícil de ser feito quando falamos de um conceito como a criatividade. Além disso, é importante ressaltar que não se pode desenvolver a capacidade de criar lançando mão de qualquer tipo de trabalho e que ninguém inventa algo de maneira espontânea. Os alunos necessitam de um repertório amplo para que consigam desenvolver essa capacidade com autonomia. Não é a inspiração que importa, mas o empenho e o trabalho realizado. "Criatividade é a capacidade de fazer relações entre os conhecimentos. Assim como só se aprende algo novo com base no que já conhecemos, só é possível criar com base em nosso conhecimento prévio sobre um assunto", explica Monique Deheinzelin, orientadora de projetos curriculares, formadora de professores e autora de diversos livros sobre o tema. Cabe à escola, portanto, dar oportunidades para todos desenvolverem seu percurso criador, promovendo a flexibilidade, a abertura ao novo, a habilidade de propor soluções inovadoras para problemas diversos e a coragem para enfrentar o inesperado. O educador pode trabalhar atividades que não sejam tão fechadas a ponto de permitir somente uma resposta e nem tão abertas para que qualquer coisa possa ser aceita. "Pedir trabalhos com um produto final já conhecido ou propor atividades mecânicas e repetitivas, como colocar as crianças para pintar um desenho pronto, não leva ninguém a ser mais criativo", explica Monique. Para isso, é preciso propor ações transformadoras, por meio das quais sejam mobilizados novos saberes.
FOCAR A REALIDADE DO ALUNO
Conceito original:Considerar o saber trazido pelos alunos como um ponto de partida e sempre apresentar a eles novos conhecimentos.
Conceito distorcido:Basear-se somente no saber trazido pelos alunos como parâmetro para determinar o que lhes interessa aprender.
Origem A idéia foi muito propagada por Paulo Freire, que valorizava a presença do saber dos estudantes das camadas populares na sala de aula. Ele propunha que, com uma pesquisa prévia do universo dos termos falados pelos educandos, fossem selecionados alguns - as chamadas palavras geradoras - para que propiciassem a formação de outros e também funcionassem como ponto de partida para que a turma compreendesse o mundo e organizasse seu pensamento a respeito dele. Ou seja, Freire sempre destacou a necessidade de ultrapassar as fronteiras da realidade mostrada pelas palavras. Tanto que ele defendia a Educação como prática de liberdade e dizia que "o povo tem o direito não só de saber melhor o que já sabe mas também saber o que ainda não sabe". Por isso, defendia que é importante ampliar e aprofundar o conhecimento sempre.
Por que perdeu o sentido Muitos professores trabalham concentrados somente no meio em que vivem os estudantes e acabam por simplificar o pensamento freireano, julgando que isso facilita o aprendizado. Acreditam que é preciso tomar como base só o que já é conhecido. Então, ensinam primeiro o conceito de bairro para depois apresentar o de cidade, estado e país, por exemplo. Como se a lógica de compreensão dos conceitos estivesse atrelada à maior ou à menor proximidade física e como se fosse possível mensurar a complexidade desses conceitos baseando-se nas dimensões geográficas. "Não se aprende somente com base no que temos à nossa volta, no que é considerado 'concreto' e no que os adultos consideram simples", afirma Roberta Panico, do Cedac. Outra crença que criou raízes no pensamento dos educadores é que a realidade é o limite do que deve ser ensinado. O professor não pode decidir não trabalhar conceitos relativos ao sertão porque leciona em uma região litorânea. "O mal provocado por essa atitude é a condenação do aluno à estagnação. Com isso, a escola deixa de cumprir seu papel", diz Vera Barreto, coordenadora do Vereda - Centro de Estudos em Educação. Entrar em contato com o diferente permite analisar a realidade com mais riqueza porque oferece fontes para comparação. Ir além do que já é conhecido também garante o cumprimento do que sugerem os PCNs, já que o cotidiano de um estudante que é filho de operários da construção civil, por exemplo, não tem vínculos com a sociedade da Grécia antiga, tema presente nas aulas de História. "Se o professor ficar focado somente no local, não terá como abordar todos os conteúdos", completa Vera.
Quer saber mais?
BIBLIOGRAFIA A Aprendizagem da Língua Escrita na Escola, Delia Lerner e Alicia Palacios de Pizani, 104 págs., Ed. Artmed, tel. 0800-703-3444 (edição esgotada) A Formação Social da Mente, Lev Vygotsky, 224 págs., Ed. Martins Fontes, tel. (11) 3241-3677, 39,80 reais Avaliação da Aprendizagem Escolar, Cipriano Carlos Luckesi, 182 págs., Ed. Cortez, tel. (11) 3611-9616, 25 reais Construtivismo: A Poética das Transformações, Monique Deheinzelin, 142 págs., Ed. Ática, tel. 0800-115-152, 20 reais Criatividade e Educação de Superdotados, Eunice Soariano de Alencar, 232 págs., Ed. Vozes, tel. (11) 3105-7144, 37,20 reais Escola e Cidadania, Philippe Perrenoud, 184 págs., Ed. Artmed, 42 reais Interdisciplinaridade: História, Teoria e Pesquisa, Ivani Fazenda, 144 págs., Ed. Papirus, tel. (19) 3272-4500, 32,50 reais O Diálogo Entre o Ensino e a Aprendizagem, Telma Weisz, 136 págs., Ed. Ática, 34,90 reais O Ensino de Matemática Hoje, Patricia Sadowsky, 112 págs., Ed. Ática, 24,90 reais Os Jogos e o Lúdico na Aprendizagem Escolar, Lino de Macedo e outros, 110 págs., Ed. Artmed, 28 reais Pedagogia do Oprimido, Paulo Freire, 213 págs., Ed. Paz e Terra, tel. (11) 3337-8399, 35 reais
Marcadores:
aprender,
avaliação,
cidadão,
interdisciplinar
ATIVIDADES DE ALFABETIZAÇÃO
ATIVIDADES DE ALFABETIZAÇÃO
· Para conversar, fazer amizade, realizar atividades e tarefas é preciso saber os nomes das pessoas.
PROCEDIMENTO:
Em círculo, estabeleça conversa sobre a necessidade de iniciar o trabalho com os nomes dos alunos. (Ponto de partida para o trabalho sistemático de alfabetização).
· Vocês já se conhecem?
· Quais já se conhecem?
· Quem sabe o nome de algum colega?
Para podermos conversar, fazer amizade, realizar atividades e tarefa, é preciso saber os nomes das pessoas.
Apresentação:
Todos se apresentam.
Após apresentação como podemos fazer para se lembrar dos nomes dos colegas?
-registro escrito (crachás).
A) Distribuir os cartões.
b) Cada um escreverá seu nome bem grande na parte superior do modo que souber (alguns escrevem erradamente).
c) Naquele que não escreve corretamente, escrever abaixo da escrita que fez (letra de imprensa maiúscula). Não apague a escrita que ele fez.
d)Prender o crachá com fita adesiva (uso diário)
E)Atividade xerocopiada
Atividade:Memória de nomes
Cada aluno irá a lousa e fará um círculo com giz de cor em torno de seu nome.
Os que tem dificuldades, receberão ajuda através de pistas: letra inicial, final, tem tantas letras, etc.
f)Entregar tiras de cartolina com nome escrito em letra de imprensa maiúscula (colocar na carteira todos os dias, até que memorizem).
Atividade: Descubra o que falta
Escrever o nome de seis alunos na lousa .Ler apontando um a um.
Pedir que fechem os olhos e apague um dos nomes.
As crianças deverão dizer qual dos nomes foi apagado.
Atividade: Escrevendo com letras móveis
Usando letras móveis, montem e leiam seu nome e o de alguns colegas.
Atividade: Encontre seu nome
Distribuir tiras em branco. Cada um escreve seu nome e entrega para pessoa-comando.
Ela irá embaralhar e entregar uma tira para cada um com nome trocado.
A um sinal, deverão movimentar-se pela sala e encontrar o colega que está com seu nome.
Atividade: Temos algo em comum
Escreva 4 nomes na lousa. Sublinhe a primeira letra, a última letra, a primeira sílaba e a última sílaba.
Peça que venha alguns alunos e escreva seu nome embaixo, observando os critérios.
E: PAULO, FÁBIO, MÁRCIA, LUANA
Atividade: Bingo das letras do nome
Usando letras móveis ou cartões, escreva seu nome (deixar espaço entre uma letra e outra). De dentro de um saquinho vá sorteando e falando o nome de cada de cada letra. Os outros irão marcando as letras sorteadas que tiver no seu.
Ganha quem marcar todas as letras primeiro.
Atividade: Quebra cabeças de nomes
Confeccionar tiras de cartolinas com seus nomes.
Separe as letras com traços diferenciados.
Recorte,separando as letras.
Ex.: G>E)R(S/O/N
Trocar com os colegas e montar os quebra-cabeças.
Atividade: Bingo de nomes
Dobrar a folha de sulfite em três partes: na horizontal e na vertical,
formando nove divisões.
Em cada divisão escreva o nome de um amigo do cartaz .(Para jogar, escolha um nome do cartaz de cada vez e leia-o alto. Quem tiver o nome em sua cartela , marca com um marcador. Ganha o jogo quem primeiro fizer uma trinca na horizontal, vertical ou diagonal.
Atividade: Adivinhe meu número
Um aluno escolhe um cartão do monte, sem que os outros vejam.
Os outros devem adivinhar o número do cartão.
Poderá dar pistas: é maior, é menor, está entre, é maior que, é menor que.
O aluno que adivinhar qual é o número fica com o cartão.
Atividade: Procurando Números
Procurar no jornal ou revistas tudo que eles acham que é número.
Quando encontrarem um número, devem recortá-lo e colá-lo na folha. Ex:
-Figuras que mostrem onde usamos, ou para que usamos os números (placas de carros, números de casas, fotos de embalagens,...) o que muito auxilia na diferenciação de números e letras.
-O número que mostre a idade deles, o número de irmãos que têm, o número de dedos do pé, etc.
-Números de parlendas e trava-línguas.
-Brincadeiras de corda
Atividade: Inventando Cumprimentos
- Caminhar na sala ao ritmo da música. Ao sinal de palmas, cumprimentar o colega mais próximo. A cada sinal dado, o cumprimento será modificado.
- Observar nas próprias mãos se são ásperas ou macias, quentes ou frias, se os dedos são finos ou gordinhos, como são as linhas das mãos, se têm machucados, marcas, etc.
Em duplas, observar os itens anteriores.
Dar oportunidades de ir trocando de parceiros para que possam observar o maior número de semelhanças e diferenças percebidas.
Propor a brincadeira “cabra cega” para que,os de olhos vendados descubra que é o dono das mãos que irá tocar.
Ao descobrir troca-se de lugar com o colega até que todos tenham oportunidades de participar.
· Para conversar, fazer amizade, realizar atividades e tarefas é preciso saber os nomes das pessoas.
PROCEDIMENTO:
Em círculo, estabeleça conversa sobre a necessidade de iniciar o trabalho com os nomes dos alunos. (Ponto de partida para o trabalho sistemático de alfabetização).
· Vocês já se conhecem?
· Quais já se conhecem?
· Quem sabe o nome de algum colega?
Para podermos conversar, fazer amizade, realizar atividades e tarefa, é preciso saber os nomes das pessoas.
Apresentação:
Todos se apresentam.
Após apresentação como podemos fazer para se lembrar dos nomes dos colegas?
-registro escrito (crachás).
A) Distribuir os cartões.
b) Cada um escreverá seu nome bem grande na parte superior do modo que souber (alguns escrevem erradamente).
c) Naquele que não escreve corretamente, escrever abaixo da escrita que fez (letra de imprensa maiúscula). Não apague a escrita que ele fez.
d)Prender o crachá com fita adesiva (uso diário)
E)Atividade xerocopiada
Atividade:Memória de nomes
Cada aluno irá a lousa e fará um círculo com giz de cor em torno de seu nome.
Os que tem dificuldades, receberão ajuda através de pistas: letra inicial, final, tem tantas letras, etc.
f)Entregar tiras de cartolina com nome escrito em letra de imprensa maiúscula (colocar na carteira todos os dias, até que memorizem).
Atividade: Descubra o que falta
Escrever o nome de seis alunos na lousa .Ler apontando um a um.
Pedir que fechem os olhos e apague um dos nomes.
As crianças deverão dizer qual dos nomes foi apagado.
Atividade: Escrevendo com letras móveis
Usando letras móveis, montem e leiam seu nome e o de alguns colegas.
Atividade: Encontre seu nome
Distribuir tiras em branco. Cada um escreve seu nome e entrega para pessoa-comando.
Ela irá embaralhar e entregar uma tira para cada um com nome trocado.
A um sinal, deverão movimentar-se pela sala e encontrar o colega que está com seu nome.
Atividade: Temos algo em comum
Escreva 4 nomes na lousa. Sublinhe a primeira letra, a última letra, a primeira sílaba e a última sílaba.
Peça que venha alguns alunos e escreva seu nome embaixo, observando os critérios.
E: PAULO, FÁBIO, MÁRCIA, LUANA
Atividade: Bingo das letras do nome
Usando letras móveis ou cartões, escreva seu nome (deixar espaço entre uma letra e outra). De dentro de um saquinho vá sorteando e falando o nome de cada de cada letra. Os outros irão marcando as letras sorteadas que tiver no seu.
Ganha quem marcar todas as letras primeiro.
Atividade: Quebra cabeças de nomes
Confeccionar tiras de cartolinas com seus nomes.
Separe as letras com traços diferenciados.
Recorte,separando as letras.
Ex.: G>E)R(S/O/N
Trocar com os colegas e montar os quebra-cabeças.
Atividade: Bingo de nomes
Dobrar a folha de sulfite em três partes: na horizontal e na vertical,
formando nove divisões.
Em cada divisão escreva o nome de um amigo do cartaz .(Para jogar, escolha um nome do cartaz de cada vez e leia-o alto. Quem tiver o nome em sua cartela , marca com um marcador. Ganha o jogo quem primeiro fizer uma trinca na horizontal, vertical ou diagonal.
Atividade: Adivinhe meu número
Um aluno escolhe um cartão do monte, sem que os outros vejam.
Os outros devem adivinhar o número do cartão.
Poderá dar pistas: é maior, é menor, está entre, é maior que, é menor que.
O aluno que adivinhar qual é o número fica com o cartão.
Atividade: Procurando Números
Procurar no jornal ou revistas tudo que eles acham que é número.
Quando encontrarem um número, devem recortá-lo e colá-lo na folha. Ex:
-Figuras que mostrem onde usamos, ou para que usamos os números (placas de carros, números de casas, fotos de embalagens,...) o que muito auxilia na diferenciação de números e letras.
-O número que mostre a idade deles, o número de irmãos que têm, o número de dedos do pé, etc.
-Números de parlendas e trava-línguas.
-Brincadeiras de corda
Atividade: Inventando Cumprimentos
- Caminhar na sala ao ritmo da música. Ao sinal de palmas, cumprimentar o colega mais próximo. A cada sinal dado, o cumprimento será modificado.
- Observar nas próprias mãos se são ásperas ou macias, quentes ou frias, se os dedos são finos ou gordinhos, como são as linhas das mãos, se têm machucados, marcas, etc.
Em duplas, observar os itens anteriores.
Dar oportunidades de ir trocando de parceiros para que possam observar o maior número de semelhanças e diferenças percebidas.
Propor a brincadeira “cabra cega” para que,os de olhos vendados descubra que é o dono das mãos que irá tocar.
Ao descobrir troca-se de lugar com o colega até que todos tenham oportunidades de participar.
sexta-feira, 13 de março de 2009
MENSAGEM PARA REUNIÃO DE PAIS
OS FILHOS APRENDEM O QUE VIVENCIAM
Se os filhos aprendem com críticas,
Aprenderão a condenar.
Se os filhos vivem com hostilidade,
Aprenderão a brigar.
Se os filhos vivem com medo,
Aprenderão a ser apreensivos.
Se os filhos vivem com piedade,
Aprenderão a sentir pena de si mesmos.
Se os filhos vivem com o ridículo,
Aprenderão a ser tímidos.
Se os filhos vivem com ciúmes,
Aprenderão o que é inveja.
Se os filhos vivem com vergonha,
Aprenderão a sentir-se culpados.
Se os filhos vivem com tolerância,
Aprenderão a ser confiantes.
Se os filhos vivem com elogios,
Aprenderão a apreciar.
Se os filhos vivem com aprovação,
Aprenderão a gostar de si mesmos.
Se os filhos vivem com aceitação,
Aprenderão o amor no mundo.
Se os filhos vivem com reconhecimento,
Aprenderão a ter um objetivo.
Se os filhos vivem com partilha,
Aprenderão a ser generosos.
Se os filhos vivem com honestidade e imparcialidade,
Aprenderão o que são a verdade e a justiça.
Se os filhos vivem com segurança,
Aprenderão a ter fé em si mesmos e naqueles ao seu redor.
Se os filhos vivem com benevolência,
Aprenderão que o mundo é um lugar agradável de se viver.
Se os filhos vivem com serenidade,
Aprenderão a ter paz de espírito.
Obrigada pelo carinho de vocês
Se os filhos aprendem com críticas,
Aprenderão a condenar.
Se os filhos vivem com hostilidade,
Aprenderão a brigar.
Se os filhos vivem com medo,
Aprenderão a ser apreensivos.
Se os filhos vivem com piedade,
Aprenderão a sentir pena de si mesmos.
Se os filhos vivem com o ridículo,
Aprenderão a ser tímidos.
Se os filhos vivem com ciúmes,
Aprenderão o que é inveja.
Se os filhos vivem com vergonha,
Aprenderão a sentir-se culpados.
Se os filhos vivem com tolerância,
Aprenderão a ser confiantes.
Se os filhos vivem com elogios,
Aprenderão a apreciar.
Se os filhos vivem com aprovação,
Aprenderão a gostar de si mesmos.
Se os filhos vivem com aceitação,
Aprenderão o amor no mundo.
Se os filhos vivem com reconhecimento,
Aprenderão a ter um objetivo.
Se os filhos vivem com partilha,
Aprenderão a ser generosos.
Se os filhos vivem com honestidade e imparcialidade,
Aprenderão o que são a verdade e a justiça.
Se os filhos vivem com segurança,
Aprenderão a ter fé em si mesmos e naqueles ao seu redor.
Se os filhos vivem com benevolência,
Aprenderão que o mundo é um lugar agradável de se viver.
Se os filhos vivem com serenidade,
Aprenderão a ter paz de espírito.
Obrigada pelo carinho de vocês
terça-feira, 10 de março de 2009
Valores importantes na realização do dever escolar.
Valores importantes na realização do dever escolar.
Formar bons filhos e alunos é uma tarefa difícil, porém não é impossível.
O que dificulta é a falta de preparo principalmente dos educadores em orientar os pais e conseqüentemente dos pais em orientar seus filhos. Ou seja, é um efeito dominó no qual deve acontecer uma sincronia entre todos os elementos, pois qualquer deslize pode provocar a queda de todos, ocasionando o fracasso em relação ao que lhes é de responsabilidade.
A real preocupação é de como os pais devem proceder de forma que o filho realize as lições de casa de forma proveitosa.
Vocês enquanto pais ou responsáveis acreditam que orientam seus filhos de forma positiva contribuindo para o desenvolvimento ideal das lições de casa? Será que na posição de educador já parou para refletir a respeito da existência de condutas adequadas que devem ser seguidas de forma que venham propiciar o sucesso do seu aluno? Segundo pesquisas realizadas, boas novas chegam para pais e educadores.
Vocês enquanto pais ou responsáveis acreditam que orientam seus filhos de forma positiva contribuindo para o desenvolvimento ideal das lições de casa? Será que na posição de educador já parou para refletir a respeito da existência de condutas adequadas que devem ser seguidas de forma que venham propiciar o sucesso do seu aluno? Segundo pesquisas realizadas, boas novas chegam para pais e educadores.
Baseado em um levantamento com adolescentes, a maioria dos jovens de hoje mostra interesse significativo em relação aos estudos e questiona a qualidade de ensino, fator relevante para pais e educadores que demonstram a nova determinação da atual geração de estudantes.
Ressalta-se que o bom desempenho de um aluno depende em primeiro lugar da motivação, mais do que da capacidade intelectual.
Levando em conta a importância de orientar o aluno para obter um bom desempenho nos estudos, tanto na sala de aula quanto no ambiente escolar, segue uma lista contendo dicas que podem auxiliar pais e educadores a contribuir para tal sucesso.
No ambiente familiar:
• Escolher um bom local de estudos, de preferência ventilado, claro, com luz natural, sem barulhos e distrações;
• Elaborar um plano de estudos semanal, organizando os conteúdos que serão estudados;
• Não deixar as lições de casa para o dia posterior, aproveitando que o conteúdo ainda está “fresco” na mente;
• Programar o horário de estudo para os momentos em que estiverem mais atentos e dispostos. Evitando que sejam realizados em momentos de sono e cansaço, fatos que podem prejudicar o desempenho. • Fazer pesquisas buscando diferentes referências, como revistas, jornais, filmes entre outros, para realizar a atividade que foi proposta.
• Refazer os exercícios que errou ou apresentou dificuldades;
• Descobrir as melhores técnicas de memorização para estudar (esquemas, falar em voz alta, dramatizar, estudar em grupos, entre outros).
• Reconhecer as áreas que apresenta dificuldade, dedicando um tempo maior de estudo;
• Preparar o material escolar antecipadamente, verificando os livros e cadernos que irá utilizar.
• Envolver na vida escolar do filho. Perguntar a ele o que aprendeu e como isso pode ser importante na vida dele.
• Dê o exemplo. Leia livros, jornais, ouça música, veja filmes e espetáculos de qualidade.
• Mostrar para seu filho que ele é capaz de solucionar problemas, dando a ele a capacidade de buscar sua independência.
• Não pressionar nos estudos, fiscalização intensa não funciona. Ensine a ter responsabilidade, pois seu filho não o terá pelo resto da vida.
• Antes de recorrer a aulas de reforço escolar, veja se o jovem é capaz de superar a deficiência sozinho.
No ambiente escolar:
• Prestar atenção na aula, bem como participar e perguntar sem medo quando apresentar dúvidas;
• Aproximar de um professor, pesquisador ou profissional que domina a área pela qual tem interesse de seguir carreira.
• Fazer as avaliações com calma e atenção.
• Não deixar questões em branco nas avaliações, buscando registrar, mesmo que seja mínimo, o seu conhecimento.
Conscientizar sobre o quanto o estudo é necessário para todo indivíduo, que nunca uma pessoa deve desistir de estudar e incentivar aqueles que não estudam.
Colocar o estudo como parte da rotina deles, fazendo-os entender que é uma necessidade do ser humano. Boa Sorte! Sucesso!
Por Elen Campos Caiado
Graduada em Fonoaudiologia e Pedagogia Equipe Brasil Escola
Marcadores:
dever de casa,
estudo,
pesquisar,
rotina
Que bom que seria... (por Eloysa Martinez)
QUE BOM QUE SERIA...
Que bom que seria,
Se as provas na escola
Não fossem prêmios nem punição
Prêmio para os bons
Castigo para os maus
Que bom que seria,
Se tivéssemos avaliações,
Que aos alunos dessem chance
De mostrar o que aprenderam,
De contar o que fizeram,
E o tanto que cresceram...
Que bom que seria,
Se estas provas indicassem
O caminho do saber...
Se nossos diletos alunos
Não sofressem interferências
Vindas do medo, da petulância,
Da fome e da miséria,
Do pobre professor estrela,
Que para se promover
Brilha no alto da mesa,
Grita ou silencia,
Mostrando com euforia
A vingança do poder...
Que bom que seria,
Se todos tivessem a chance
De crescer como pudessem
Rápida ou lentamente,
Sem o peso do descaso,
Sem o rótulo do fracasso,
Que só mostra uma saída:
A escola abandonar,
E ao trabalho se entregar,
Ganhando a vida aos bocados,
Isto se puder trabalhar...
Há ainda os que se entregam
Ao vício, ao crime e a prostituição
Restando-lhe apenas a rua,
Como escola da maldição.
Que bom que seria,
Se os mestres entendessem,
Que avaliar não é medir,
Que uma simples prova
Não preserva nem reproduz uma sociedade,
Que precisava de muito para ser...
Por que autoritarismos?
Está longe este tempo,
Em que a prova manipulava,
Transformando jovens
Questionadores e inteligentes
Em seres pobres de espírito, tristes dementes...
Que bom seria,
Se em vez de cruéis espadas,
Fossem as avaliações
Clarins libertadores
Que apontassem o horizonte,
Onde o saber , o evoluir e o crescer
Fossem vistos com esperança,
Por mestres, pais e crianças.
Não se mede um ser humano.
Nem menos, nem mais, nem nada...
Não se soma nem se divide seu conhecer,
Pois aquele que hoje é pequeno,
Amanhã poderá ser grande,
E mais tarde, quem sabe
Um gigante do saber.
Por que domesticar, alienar nosso aluno,
Que só pede liberdade,
Que nos mostra a cada dia
Que errando é que se aprende?
Será melhor e perfeita nossa escola,
Uma escola de verdade,
Se em seus registros ficar
Não nomes de fracassados,
Mas nomes de homens honrados,
Que aprenderam a pensar...
Que bom que seria,
Se as provas na escola
Não fossem prêmios nem punição
Prêmio para os bons
Castigo para os maus
Que bom que seria,
Se tivéssemos avaliações,
Que aos alunos dessem chance
De mostrar o que aprenderam,
De contar o que fizeram,
E o tanto que cresceram...
Que bom que seria,
Se estas provas indicassem
O caminho do saber...
Se nossos diletos alunos
Não sofressem interferências
Vindas do medo, da petulância,
Da fome e da miséria,
Do pobre professor estrela,
Que para se promover
Brilha no alto da mesa,
Grita ou silencia,
Mostrando com euforia
A vingança do poder...
Que bom que seria,
Se todos tivessem a chance
De crescer como pudessem
Rápida ou lentamente,
Sem o peso do descaso,
Sem o rótulo do fracasso,
Que só mostra uma saída:
A escola abandonar,
E ao trabalho se entregar,
Ganhando a vida aos bocados,
Isto se puder trabalhar...
Há ainda os que se entregam
Ao vício, ao crime e a prostituição
Restando-lhe apenas a rua,
Como escola da maldição.
Que bom que seria,
Se os mestres entendessem,
Que avaliar não é medir,
Que uma simples prova
Não preserva nem reproduz uma sociedade,
Que precisava de muito para ser...
Por que autoritarismos?
Está longe este tempo,
Em que a prova manipulava,
Transformando jovens
Questionadores e inteligentes
Em seres pobres de espírito, tristes dementes...
Que bom seria,
Se em vez de cruéis espadas,
Fossem as avaliações
Clarins libertadores
Que apontassem o horizonte,
Onde o saber , o evoluir e o crescer
Fossem vistos com esperança,
Por mestres, pais e crianças.
Não se mede um ser humano.
Nem menos, nem mais, nem nada...
Não se soma nem se divide seu conhecer,
Pois aquele que hoje é pequeno,
Amanhã poderá ser grande,
E mais tarde, quem sabe
Um gigante do saber.
Por que domesticar, alienar nosso aluno,
Que só pede liberdade,
Que nos mostra a cada dia
Que errando é que se aprende?
Será melhor e perfeita nossa escola,
Uma escola de verdade,
Se em seus registros ficar
Não nomes de fracassados,
Mas nomes de homens honrados,
Que aprenderam a pensar...
Eloysa Martinez é professora do Centro Federal de Educação Tecnológica de São Paulo/Cubatão (CFEI), formada em Letras pela Universidade Católica de Santos com pós-graduação em Teoria e Prática Pedagógica no Ensino Técnico. Atualmente ocupa a cadeira de Literatura Brasileira e Portuguesa, Língua e Redação.
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